Sílvia Grecco, atual secretária da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo, nasceu em Mauá, cidade onde estava como secretária de Promoção Social, quando foi convidada a integrar a equipe de Bruno Covas. E foi em um hospital de Mauá que Nickollas e Sílvia Grecco iniciaram uma bonita história. Mesmo sendo mãe de Marjorie, sua filha do ventre, Sílvia decidiu que desejava aumentar a família. Uma adoção, um filho do coração. Após passar por todos os processos, recebeu a notícia de que um garotinho, que nasceu muito prematuro, com apenas cinco meses, aguardava o amor de uma família, de uma mãe. Quando o médico lhe apresentou Nickollas, pequenino com 500 gramas apenas e com deficiência visual, ela teve a certeza de que seria ele o seu filho. E, então, a vida amarrou para sempre os dois corações.
Apaixonada por futebol, desde criança, Sílvia contagiou seu filho com esta paixão. Mesmo tendo sido diagnosticado, aos cinco anos, com autismo, ela começou a levá-lo, aos seis anos, ao estádio para vibrarem juntos por seu time. Nickollas adorou a experiência, desde o primeiro momento, e pulava de alegria ao ouvir a narração do jogo por sua mãe. Por sete anos, narrou os jogos para seu filho, dentro de estádios lotados de pessoas. Ela conta que nunca foram notados e ela percebeu a invisibilidade que sofre a pessoa com deficiência. Cada vez mais, essa causa foi norteando a sua vida. Por que nem todas as pessoas com deficiência tinham a mesma oportunidade que o Nickollas? Foi num jogo do Palmeiras, time de coração de Sílvia e Nick, que um repórter os focalizou no telão, dando luz àquela mãe que “emprestava” seus olhos ao filho, descrevendo tudo o que acontecia ao seu redor. De repente, tornaram-se visíveis aos olhos de todos e aí uma outra história se iniciou. Muitas famílias se inspiraram, muitas pessoas se conscientizaram de que a deficiência não é impedimento, não é barreira; aliás, não pode ser. A pessoa com deficiência é um sujeito de direitos. Direito de ir e vir, direito de participar, direito de tudo o que desejarem.
Talvez Sílvia não tenha se dado conta, naquele dia em que o médico trouxe Nickollas no colo, do quanto sua vida mudaria dali em diante. Do quanto aquele filho lhe ensinaria. Da missão de vida que ela acolheu, com tanto amor, em seus braços. Missão como sinônimo de luta pela conscientização de todos de que a pessoa vem antes de sua deficiência, de que nada pode ser decidido para elas sem que elas participem. Missão de defesa dos direitos iguais a todos, já legislados pela Constituição.
Nickollas não representa uma criança cega e autista que teve a sorte de ser acolhida por uma família. Naquele dia, ao receber seu filho de coração, a sorte foi de Sílvia, de todos nós e de todas as pessoas com deficiência que podem estar onde quiserem. Essa é a causa, esse é o tema de vida com que Sílvia Grecco e Nickollas nos desafiam a defender, a lutar.
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