Em 1997, fundei o Instituto Mara Gabrilli com o sonho de transformar a vida de quem como eu tinha uma deficiência, mas não as mesmas oportunidades. Esse foi meu primeiro passo após a tetraplegia, mas até hoje é o que me motiva a continuar trabalhando para melhorar a vida das pessoas. O Cadê Você?, por exemplo, é um dos projetos que mais me orgulha em todas essas décadas de Instituto.
Durante os atendimentos do projeto, conhecemos crianças e adultos que estão há anos na fila de espera do SUS, aguardando por uma cadeira de rodas, um aparelho auditivo, uma prótese, uma muleta. Falamos de brasileiros que não podem contar com calçada acessível, tampouco transporte público próximo de suas casas. Por consequência, não estudam, não trabalham, não têm acesso a nenhum equipamento de saúde ou cultura.
E é neste mesmo cenário de abandono, que o projeto Cadê Você? vem conseguindo transformar a realidade de diversas pessoas, levando mutirões de atendimento multidisciplinar, informação de qualidade e muito amor. Desde sua criação, em 2010, já foram mais de seis mil famílias atendidas. E isso é motivo de orgulho!
Por falar em orgulho, não posso deixar de falar de nossos paratletas. Foram eles que me imbuíram do desejo de transformar as cidades. Foram os maiores motivadores do trabalho de construção de políticas públicas que faço hoje. Recebo uma energia muito grande da força de vontade e da superação que eles emanam. Prova de que o esporte é de fato uma importante ferramenta de inclusão social e de impacto imensurável na vida das pessoas.
Costumo dizer que quando a vida de uma pessoa com deficiência melhora, a humanidade dá um salto de qualidade. Sou muito feliz por encontrar no Instituto Mara Gabrilli pessoas tão convictas e comprometidas em tornar esse pensamento uma realidade. Mais que isso: pessoas dispostas a abraçar o sonho do outro e trabalhar duro para concretizá-lo.
0 comentários