Muitos enxergam a pessoa com deficiência de forma deturpada, muitas vezes por falta de conhecimento, não entendem que são pessoas que também têm suas profissões e aspirações para a vida. Por isso, veja a seguir as histórias da Juliana e do Arthur, cada um com sua habilidade e desenvolvimento profissional.
Me chamo Juliana Silva, conhecida como Ju Fênix, sou atleta paralímpica de tênis de mesa, coach esportiva, palestrante e apresentadora do Podcast PCD+. Em 8 de junho de 2015, sofri um acidente de carro retornando do trabalho como Engenheira Elétrica de uma obra do Rio de Janeiro para São Paulo. Faltando 30 min para chegar em Taubaté, capotei o carro às 3h da manhã em uma ribanceira e fui socorrida somente às 9h30 da manhã.
A prática esportiva entrou para estabelecer uma conexão com a minha realidade e o mundo em que eu vivo. Reabilitou minha forma de enxergar a beleza de estar viva, trouxe fisicamente movimentos que achei que nunca mais teria, o encontro com a minha fé e a energia de transcender o mal para o bem a cada segundo de minha vida. O esporte alimenta os meus sonhos e a cada conquista a medalha está no sorriso de todos que acreditam que a cadeira de rodas é somente uma forma diferente de caminhar pelo mundo.
Meu nome é Arthur Acosta Baldin, sou ator, professor e produtor de teatro. Sou uma pessoa com deficiência e, por meio dos meus trabalhos artísticos, procuro sensibilizar a sociedade civil para essas questões.
Creio que o caráter subjetivo das artes é imprescindível para mobilizar a sociedade em torno da pauta PCD que, ainda que seja um tema de pouca visibilidade social, tem suma importância.
Meu último trabalho artístico leva o nome de Segismundo ExtemporÂneo. Nesse projeto, trabalhei, juntamente com o ator João Paulo Lima, a questão da liberdade que, por meio da vida de Segismundo, personagem de A Vida É Sonho, de Calderón de La Barca, é trazida à tona. Segismundo era o filho renegado de Bastilho, rei da Polônia, e foi trancado em uma torre. No planejamento da peça, usamos Segismundo e suas questões para fazer um contraponto com um ator contemporâneo do século XXI. Este traz reflexões atuais sobre a noção de liberdade e o impacto da falta dela para as pessoas com deficiência (seja pela falta de acessibilidade, de oportunidade e de outros fatores). Segismundo ExtemporÂneo, foi contemplado pelo programa Praças, evento organizado pela Secretaria de Cultura da Cidade de São Paulo
Além desse trabalho, eu tenho meu próprio monólogo autobiográfico, chamado Tião, Meu Glorioso Café. Nele, falo de maneira divertida e lúdica sobre os desafios da pessoa com deficiência no cotidiano. Tião é a xícara de café que me acompanha no dia-a-dia. Tião é uma alegoria para demonstrar que consigo suprir minhas deficiências com criatividade, empenho e bom humor. Essa peça já foi contemplada pela semana Sem Barreiras e pelo PROAC e, futuramente, percorrerá o estado de São Paulo, em 2023, numa nova turnê.
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