Nessa edição falaremos sobre a vida dos nossos atletas, os desafios e como o esporte transformou suas vidas.
As histórias aqui contadas foram escritas por eles.
Raquel Amaral
Nossa primeira atleta dessa edição, conta como os pais a incentivaram a praticar natação aos dez anos na escola para surdos.
“Na época, tive professores e uma equipe excelente da academia Toshio, sempre campeões na FAP (Federação Aquática Paulista). Participei de provas aquáticas e de maratonas aquáticas da FAP, ganhei muitas medalhas e muitos troféus. Sempre fui ativa e fiz vários esportes até o Triathlon, por seis anos. O Paullo Vieira e o Instituto Mara Gabrilli me convidaram para fazer parte dele, fiquei muito feliz e não parei de competir nas provas”.
Como atleta, Raquel já participou de provas de natação, Triathlon, corridas, das Surdolimpíada e de ciclismo. “Fiquei em 4º lugar no ranking do Triathlon, categoria 30–34 anos, e fui convocada para competir na prova do Triathlon de Canadá/Edmonton. Tudo foi realmente incrível!”, relembra Raquel, sendo a primeira surda triatleta nacional.
Ultrapassando barreiras — O esforço e a superação de Raquel mostram que não existem barreiras quando há determinação. “Perdi a audição aos dois anos após ter uma otite aguda, infecção por bactérias e vírus que provoca inflamação e/ou obstruções. Por isso, tive caxumba, sarampo, febre alta e tomei antibiótico forte. Minha mãe ficou muito insegura pela perda de audição bilateral e procurou informações sobre educação especializada e fonoaudiologia, mas não havia tanta tecnologia, adaptações e acessibilidade”, conta.
“Comecei a usar os aparelhos auditivos aos cinco anos e só ouvia um som grave e entendi um pouco. Tive aprendizagem comprometida pelo atraso na leitura, a escrita e a comunicação total. Esforcei-me para crescer me adaptando às situações difíceis da vida, até completar a graduação, buscar informações, conhecimentos, viver um mundo novo, a natureza, etc. Sou muito grata por meus guerreiros pais terem me incentivado a vencer dificuldades ou barreiras”, relata.
Raquel, não parou de batalhar para seguir com esporte e vida profissional. “Sou formada em Design de Multimídia e Educação Física, fiz pós-graduação em Administração e Marketing Esportivo, continuo buscando aprendizagens e conhecimentos. Atuo na arbitragem de natação e no auxiliar administrativo da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). No momento, tenho acompanhamento nutricional, terapias, registro da Confederação Brasileira de Desportos de Surdos, treinos de natação, de musculação e de corrida. Estou me preparando para competir no 6º Jogo Pan-Americanos de Surdos em novembro de 2024. Muita gratidão por fazer parte e apoio do Instituto Mara Gabrilli”.
Fernando Aranha
Fernando, nosso triatleta tem uma rotina intensa de treinos: natação, ciclismo, corrida, treino de força e flexibilidade, musculação, ioga ou pilates, alongamento ou técnicas de recuperação, como massagem ou banho de gelo.
Essa rotina demanda compromisso com o treinamento, recuperação e nutrição. “Sendo triatleta e transitando por três modalidades, tenho praticado inclusive as modalidades separadamente. Isso me permite competir nos campeonatos brasileiros de Triathlon e Ciclismo”, conta.
Este ano de 2024, o campeonato de Triathlon será apenas uma etapa em novembro. O Circuito do Paraciclismo demanda mais energia com provas pelo Brasil no decorrer do ano, em locais como Natal, Ribeirão Preto e João Pessoa, onde será o Campeonato Brasileiro de Paraciclismo. Já na natação: “Ainda consigo ter participações esporádicas como maratona aquática e corridas de rua, como a São Silvestre, na qual fui campeão no ano anterior”, ressalta.
Em relação ao cenário do esporte brasileiro enfatiza: “Está todo vapor para os atletas que estão disputando vaga para Paris 2024. E muitos desses atletas encaro ou divido espaço nos eventos durante o ano. Me resta torcer por eles e arrancar o melhor deles nos eventos que participo e disputo. Continuo lutando pelo meu espaço nos esportes paralímpicos”.
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