No final de 2017, de olho nas competições, planejamentos e sonhos para 2018, em uma conversa sobre treinamento e prospecção, Jéssica me pergunta sobre o cenário do Paratriathlon e as possibilidades de encarar a modalidade. Conhecendo seu desempenho no ciclismo, suas características fisiológicas e seu perfil atitudinal, mesmo ela não sabendo correr nem nadar, sabíamos que era possível. Passamos então a pensar e conversar sobre Triathlon.
Mais que seu potencial atlético, sua postura como atleta sempre se destaca. Jéssica tem iniciativas que visam sua excelência esportiva. Dessa forma, em pouco mais de um mês após a decisão de assumir uma posição no cenário Brasileiro de Paratriathlon, ela comprou uma cadeira de corrida, usada e fora de suas medidas, mas com o mínimo para que ela pudesse encarar seus próximos desafios.
Enquanto isso,Jéssica foi evoluiu rapidamente na água, com grande aproveitamento em suas braçadas. Com pouco mais de um mês de treino, já foi para sua primeira experiência em águas abertas, onde foi treinada e acompanhada pela Marta Mitsui Izo. Em seguida foi para Florianópolis passar por uma bateria de avaliações na Handcycle e na Cadeira de Corrida.
Com esses dados, a equipe de profissionais – formada por Artur Hashimoto, Jota Campos, Marta Mitsui e eu – passamos a ter mais parâmetros e precisão nas variáveis de treinamento, o que mostra clareza na prescrição dos treinos.
Chegamos no mês de março, momento de estreia de Jéssica em uma competição oficial da CBtri, a Confederação Brasileira de Triathlon, entidade que regulamenta o triatlo esportivo no Brasil. Foi o momento que ela encarou a Copa Brasil em Salvador e logo de cara conquistou o primeiro lugar. Em seguida, com menos de um mês, repetiu o feito e mostrou um grande desempenho na etapa de Fortaleza.
Decidida a encarar novos desafios, concluiu que precisava da Classificação Funcional Internacional para alcançar um lugar entre as melhores da ITU, a União Internacional de Triatlo, entidade internacional que regulamenta a prática da triatlo e do duatlo em todo o mundo. E após seu nome aparecer no Star List da Aguilas ITU Paratriathlon World Cup na Espanha, iniciamos uma maratona para conseguir ir para tal competição, com o apoio do Instituto Mara Gabrilli, Tomtom, Mormaii, New Millen e Free Force.
Jéssica chegou na Espanha dez dias antes da prova com tempo para se adaptar ao clima, conhecer e tentar treinar no percurso da prova. No dia 4 de maio de 2018, ela passou pela tão esperada Classificação Funcional que confirmou sua categoria: PTWC.
Finalmente, chegou o grande dia, uma prova internacional ITU Paratriathlon World Cup – Aguilas/ESP, mesmo enfrentando uma temperatura baixa na água e muito vento na Handcycle, seu objetivo foi alcançado. Jéssica fez seus melhores tempos e conquistou um lugar no pódio. Hoje a Jéssica foi bronze com o tempo de 1:30:57, e está a caminho de Tokyo 2020. Avante!
Por Tiago Gorgatti, coordenador de esportes do Instituto Mara Gabrilli e técnico da atleta Jéssica Moreira.
Sobre o Projeto Próximo Passo
O esporte como um importante facilitador da inclusão. Esta é a essência do Projeto Próximo Passo, que oferece estrutura e suporte técnico para atletas do esporte de alto rendimento. Ação pioneira do Instituto Mara Gabrilli, o PPP apoia atualmente 26 atletas, divididos nas seguintes modalidades: natação, Paraciclismo, Paratriathlon, remo, Rugby, tiro, jiu-jitsu, tênis de mesa, ski cross country, corrida de rua e lançamento de peso e disco.
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